Com Hino Nacional cantado “à capela”
pela cantora feirense Márcia Porto, o músico, mestre de capoeira, cantor,
compositor e publicitário Tonho Matéria tornou-se cidadão feirense durante sessão
solene realizada na noite desta quinta-feira (21) na Câmara Municipal. Na mesma
sessão comemorou-se o Dia Municipal da Beleza Negra, celebrado ontem, 20 de
setembro. A sessão atendeu a ofícios propostos pelos vereadores José Carneiro
(MDB) e Lu de Ronny (MDB).
Ainda durante o evento, foram
homenageadas mulheres consideradas “de personalidade” com o certificado da
Beleza Negra, entregues por Lourdes Santana, presidente do Odungê – Núcleo
Cultural Educacional e Social Quilombola. Dentre as homenageadas estavam a
vereadora e presidente da Casa da Cidadania, Eremita Mota, e a esposa do
homenageado, Joelma Vieira. “Hoje é um dia muito especial, para mim, para Tonho
e para toda a comunidade negra, que está sendo reconhecida pela Câmara
Municipal de Feira de Santana”, destacou Lourdes Santana.
Em seu discurso, Eremita Mota enalteceu a autenticidade do
homenageado e sua alegria demonstrada através da dança e das canções. “Na letra
da música ‘Conjuração Baiana’, Tonho Matéria lembra a todos nós que ‘foi nas
bandas da Bahia que se ouviu falar do primeiro movimento político popular da
história do Brasil’. E é assim, cantando com alegria, que ele mostra para o
mundo a história política do nosso povo e da cultura afro, tão presente em nossa
terra”.
Já o vereador José Carneiro (MDB), propositor do Dia
Municipal da Beleza Negra, fez questão de destacar a importância desta data, que
“representa uma longa história de resiliência, cultura e poder”. “A Beleza
Negra reafirma a autenticidade e o orgulho da herança africana. Sua representatividade
inspira e empodera pessoas ao redor do mundo lembrando que todos devem ser
vistos por sua singularidade e individualidade”, disse.
Tambores, berimbau, capoeira e vídeos em homenagem a Tonho
Matéria com depoimentos de amigos, dentre eles Luiz Caldas, Carlinhos Brown,
Ninha, Tatau, Durval Lelys, Vovô do Ylê e João Jorge, além de familiares deram
o tom à noite, que teve a galeria repleta de capoeiristas, representantes de
movimentos negros e artistas e fãs do cantor. Por muitas vezes, o homenageado
se emocionou. “Ao olhar cada rosto aqui nesta galeria e
neste plenário, penso que, após muita luta, estamos chegando lá”, lembrou.
Ainda em sua fala, Tonho falou um pouco da sua história de
resistência e fez questão de agradecer a todos os vereadores pela aprovação do
título, em nome da presidente da Casa, Eremita – que se declarou fã do cantor,
a Lú de Rony (MDB) e a José Carneiro. “Se tudo isso é Cidadania, então me
declaro cidadão feirense com muito orgulho”, disse.
Compuseram a Mesa de Honra, além da presidente Eremita Mota
e do homenageado Tonho Matéria, o Secretário Municipal de Esporte e Lazer,
Jairo Carneiro Filho; a personalidade afro, Negra Jô; o diretor institucional
da Associação Nacional dos Empreendedores Afro-brasileiros, Mario Nelson
Carvalho; o vereador do Município de Simões Filho, Del Capoeira, e o mestre de
capoeira Bel Pires.
Estiveram presentes na sessão, além dos vereadores já citados,
Lulinha (União Brasil), Petrônio Lima (Republicanos), Silvio Dias (PT) e
Correia Zezito (Patriota). Os ex-vereadores Marialvo Barreto e Justiniano
França, os radialistas Framario Mendes e Edilson Veloso; os cantores Dionorina,
Djalma Ferreira e Roberto Kuelho, dentre outras personalidades representantes
da cultura afro e da capoeira em Feira de Santana também compuseram o plenário.
SOBRE O HOMENAGEADO,
CONHECIDO COMO ‘TONHO MATÉRIA’
Antônio Carlos Gomes da Conceição nasceu em 12 de maio de
1964, em Salvador. É filho de Eufrosina Maria dos Santos (vendedora de acarajé)
e do feirense Agripino Gomes da Conceição, conhecido como Seu Dão (vendedor de
laranjas e fabricador de ladrilhos). Tonho Matéria passou sua infância no
bairro Pau Miúdo, na capital baiana. Aos 15 anos descobriu que o seu caminho
era a música, enquanto ouvia seus artistas preferidos da época.
Durante um carnaval na Bahia, foi convidado a participar de
um “arrastão de rua” e daí começou a cantar em palcos experimentando
sua primeira composição escrita em um caderno escolar. Outro momento que marcou
o início de sua trajetória foi a experiência ao cantar com Luiz Caldas, numa
época em que homens negros e de gêneros do samba-reggae não puxavam blocos
privados. Desde então, todas as festas de bairro e com multidões eram uma
oportunidade perfeita para se aperfeiçoar e se tornar reconhecido por sua “diversidade
musical”.
Em 2009 retomou sua carreira artística de forma solo e foi
convidado para participar de uma turnê na Europa, gravando mais um CD/DVD ao
vivo em uma apresentação no festival de “COBURG”, na Alemanha. Depois
gravou um “álbum importantíssimo” na Itália, em parceria com Gabrielle
Dandrea e Adson Santana, através de um disco intitulado “Pop Afroelétrico”.
A necessidade de expressar seus ideais, opiniões, sentimentos e musicalidade
fez com que Tonho Matéria se revelasse mundialmente através da música e da
capoeira.
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