Uma ideia coletiva que acabou dando certo. A proposta que uniu um grupo de pessoas dentro da Paróquia Senhor dos Passos cresceu e deu origem à Fundação que leva o mesmo nome da igreja. Uma organização sem fins lucrativos, voltada para a cultura, especialmente a preservação da memória de Feira de Santana. Em quase três décadas de funcionamento, a instituição tem marcas indeléveis na vida dos feirenses, por meio da publicação de livros, resgate de periódicos, promoção de eventos e produção de vídeos e fotos sobre momentos marcantes da história da cidade.
A Fundação Senhor dos Passos foi criada em 16 de maio de 1996 e atualmente funciona no tradicional Casarão Fróes da Mota, localizado no centro da cidade, que também é usado para eventos da área cultural, a exemplo de exposições e lançamento de livros. O local também já foi utilizado para festas, inclusive de casamentos. A organização criou o Centro Comunitário Ederval Fernandes Falcão, no bairro Baraúnas, movimentado por atividades direcionadas principalmente para a comunidade local. Atualmente a administração do espaço está a cargo da Paróquia Senhor dos Passos
Um dos idealizadores da Fundação e membro do Conselho Curador, o contador Carlos Brito destaca a importância de preservar a história, seja por meio dos fatos, seja pelo reconhecimento da beleza de sua arquitetura. “A história de Feira poderia ser contada a partir dos muitos nomes que tiveram participação na sua construção, não ficar presa a Maria Quitéria e o casal Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa. Dá para reescrever, rever uma boa parte”, sugere Brito. Ele ressalta que muitas citações sobre Feira de Santana são “de ouvir falar” e não têm sustentação do ponto de vista histórico e documental.
É por essa proposta que incentivar a publicação de livros é um dos pontos altos das ações da Fundação Senhor dos Passos, desde as crônicas do falecido advogado, deputado e jornalista Hugo Navarro e do também jornalista de saudosa memória Egberto Costa (estas organizadas pela jornalista Madalena de Jesus), à história da Igreja Senhor dos Passos e as memórias dos periódicos feirenses, organizadas por Brito e pelo arquiteto Arcênio Oliveira. Na apresentação, Muniz Sodré, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, considera a obra “uma valiosa contribuição para tornar menos vulnerável o presente das memórias”.
Segundo Carlos Brito, ao todo são 32 obras publicadas em 27 anos da Fundação, atualmente presidida por Péricles das Mercês. Mas tão importantes quanto os livros são as fotografias e os vídeos. Boa parte desse material se encontra disponível em dois sítios na Internet. Um deles é o Núcleo de Preservação da Memória Feirense Rollie Poppino, pertencente à Fundação. O outro é o Memorial de Feira. Ambos podem ser acessados através dos seus respectivos canais no Youtube, com conteúdo distribuído por temas específicos, a exemplo de panoramas, relíquias e personalidades – um dos destaques é o norte-americano Poppino, considerado o primeiro historiador de Feira de Santana.
“Rollie Poppino veio para a Bahia com bolsa de estudo para escrever sua tese de doutorado, que resultou no livro ‘Feira de Santana’, ainda hoje referência para pesquisas sobre a história da Princesa do Sertão”, conta Carlos Brito, citando ainda que a primeira imagem em movimento feita na cidade é assinada por Cornélio Pires, na Feira do Gado. Memorialista com alma de contador, ele lembra também do alemão Guther Pluschow, que veio fazer um filme no Recôncavo e acabou produzindo muitos vídeos sobre política, artes plásticas, educação e eventos que marcaram a história desta cidade.
Memorial mostra a diversidade de Feira em vídeos e fotos
Além do Núcleo de Preservação da Memória Feirense Rollie Poppino, os feirenses ou curiosos pela história desta cidade em outro estados e no exterior dispõem do Memorial da Feira, um projeto da Prefeitura Municipal. Uma parte do seu conteúdo é cópia do acervo do Núcleo da Fundação Senhor dos Passos, mas há também ali muita coisa de pesquisa própria dos seus editores que remonta aos primórdios da cidade, em seus 190 anos de existência: personalidades e momentos marcantes da política, da cultura e da literatura, além de fatos curiosos deste lugar que abre as portas do sertão da Bahia. Criado pela Secretaria de Comunicação Social do Município, na primeira gestão do prefeito Colbert Martins Filho, o Memorial teve como articuladores o ex-titular da pasta, jornalista Valdomiro Silva, o fotógrafo Antonio Carlos Magalhães e o jornalista Marcondes Araújo, responsável pela busca e organização de conteúdos.
O memorial guarda verdadeiras relíquias, desde perfis de educadores e artistas que fizeram história na cidade, a exemplo de Geminiano Costa e Alcina Dantas, respectivamente; momentos marcantes como a volta do Bando Anunciador, um marco nas festividades da padroeira Senhora Santana; e os cantos de trabalho nas lavouras de cana de açúcar. Dentre as raridades está o CD com poemas de 29 poetas de Feira, dentre os quais Eurico Alves, Aloísio Resende, Georgina Erisman e Salles Barbosa.
O documentário “Chuvas de Março”, que retrata a perseguição nos tempos da ditadura; a presença da bailarina Ana Botafogo na cidade; o lançamento da Revista Hera, um marco na literatura feirense; e o então prefeito Chico Pinto recebendo a visita do senador Juscelino Kubitschek, em 1963. Enfim, são registros das mais variadas situações que chamam a atenção, pela abordagem e pelo conteúdo. Há, ainda, a parte das memórias fotográficas, onde sobressai a arquitetura dos antigos prédios e das igrejas espalhadas pelas zonas urbana e rural.
Foto: conhecafeira.com.br
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