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Feira 190 anos: como a cidade se tornou grande polo de educação
20 de setembro de 2023

“Feira de Santana é um solo fértil, tem sede de conhecimento, saber e progresso”. A afirmação é do professor Josué Melo, que atribui a esse perfil da cidade o desenvolvimento de um grande polo de educação superior nas últimas duas décadas. A inciativa privada é a grande responsável por essa expansão educacional, hoje com uma rede de pelo menos 10 instituições, além de duas públicas, a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e a Universidade Federal do Recôncavo (UFRB).

A primeira unidade de ensino superior de Feira de Santana foi a Faculdade de Educação, com foco na formação de professores. Fundada em 1970, ocupava o prédio da antiga Escola Normal, onde funciona o Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA). Seis anos depois, a recém-criada UEFS absorveu a faculdade e por mais de 20 anos apenas essa instituição atendia a demanda da cidade e região. Foi um campus construído no meio do mato, na antiga estrada de São Roque, hoje avenida Artêmia Pires, em 2002, que deu início a essa expansão educacional.

O surgimento da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FTC), atualmente Centro Universitário de Excelência (UNEX), impulsionou também os investimentos imobiliários em seu entorno, tornando o bairro SIM uma das áreas mais valorizadas de Feira de Santana. “A proposta era implantar uma instituição privada com o mesmo espírito das públicas e isso mudou a história”, conta Josué Melo, o primeiro reitor, convidado para o cargo pelo proprietário Gervásio Oliveira. Ainda hoje, o pioneirismo é uma característica da linha pedagógica adotada. Primeira instituição de ensino superior privada no município, a UNEX conta com 4.500 alunos, distribuídos em 15 cursos: Medicina, Administração, Biomedicina, Ciências Contábeis, Direito, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Farmácia, Fisioterapia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Sistemas de Informação.

O empreendimento abriu o caminho para outros, como as faculdades de Tecnologia, Santo Antônio, UNEF,  UNIFAN e Anísio Teixeira (FAT), (essas últimas atualmente centros universitários). Feira de Santana é contemplada ainda com campi da UFRB e da UNIFACS, mais as faculdades Teológica, Estácio, Uniasselvi, Anhanguera, Uninassau e UNIRB. “Uma região inteira vive em função de Feira, principalmente nas áreas de Saúde e Educação”, observa o educador, destacando que mesmo o grande número de instituições em funcionamento já não dá conta. É justamente para atender as demandas, principalmente nesse período pós-pandemia, que ele está propondo a criação da Universidade Federal de Feira de Santana, com foco em tecnologia.

Sobre Josué Melo: “Eu escolhi viver em Feira”

Nascido em Lagarto (SE), desde muito pequeno sabia o que queria: falar para as pessoas. Ele só não tinha ideia do que abordaria em suas palestras imaginárias de criança inquieta que não aceitava a determinação paterna de que não iria estudar, mas trabalhar “na enxada”. Ainda garoto, conheceu um pastor da Bahia e não teve dúvidas em pedir ajuda para deixar a terra natal. E não é que deu certo? O pastor conseguiu para ele uma bolsa de estudos no Colégio 2 de Julho, em Salvador. Era o primeiro passo para uma jornada de vitórias. Somente na véspera de viajar avisou ao pai.

Aos 88 anos e com a mesma firmeza do garoto que se recusou a trabalhar na roça, diz que escolheu Feira de Santana para viver. Conheceu a cidade durante períodos de férias e a agitação das pessoas nas ruas chamou a sua atenção. Quando concluiu o segundo grau no Colégio 2 de Julho foi estudar em São Paulo e enxergava semelhanças entre as duas cidades. “Feira era uma miniatura de São Paulo”, define. Ainda no 2 de julho, lembra, o Nordeste era muito valorizado e ele percebeu que “tudo do Nordeste estava aqui”.

Bacharel em Teologia, seguindo a linha da Teologia da Libertação, licenciado em Filosofia e Sociologia, tornou-se pastor presbiteriano ecumênico e construiu uma forte amizade com o Monsenhor Renato Galvão, da Igreja Matriz, e o Frei Félix de Pacatuba, da Ordem dos Capuchinhos. O resultado foi um amplo trabalho assistencial junto aos mendigos e migrantes. “Eu precisava ser pastor sem salário, então fui buscar remuneração no Magistério”, conta o professor, que passou pelos Colégios Estadual, Municipal e Santo Antônio, este da rede privada, em um período de 10 anos.

Mestre em Educação e Especialista em Ciências Políticas, não foi difícil chegar à Pró-Reitoria Acadêmica da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), fundada em 1976, e depois assumir o cargo de reitor. Josué lembra que a primeira instituição de ensino superior de Feira de Santana foi a Faculdade de Educação, fundada em 1970, que funcionava no prédio da antiga Escola Normal, hoje o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca). Quando deixou a UEFS, em 1996, se juntou ao sociólogo Ildes Ferreira de Oliveira (já falecido) para criar a Universidade Popular, hoje Instituto de Educação e Desenvolvimento (INEDE), onde há 10 anos funciona o campus da UFRB.

Foto: Bernardo Bezerra

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