Ainda menino, ele guiava carrinhos de mão nas feiras livres de Nanuque, no estado de Minas Gerais, onde também vendia balas na porta do cinema e confecções pelas ruas. Talvez isso explique o seu olhar especial para o tipo de comércio que deu origem a Feira de Santana, que tem nesse segmento a maior referência de sua história. E foi com base nessas memórias que o economista Nei Rios criou uma belíssima tela em que o mapa da cidade é formado com fotos das feiras espalhadas pelos bairros.
“Essa parte iluminada é a sede do Município”, indica o autor da obra, exposta no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em homenagem aos 190 anos de emancipação política de Feira de Santana, comemorados no dia 18 deste mês. “Me identifico com a minha cidade e percebo como a localização geográfica leva a nossa história para longe”, diz o feirense nascido na rua Quintino Bocaiúva (antiga Rua do Fogo), bairro Kalilândia, que já projeta outros trabalhos de caráter memorialista.
A ideia da tela surgiu da vontade de registrar essa memória da Feira do Semiárido. Medindo 1.5m x 1.72m, a belíssima tela deverá ter uma nova versão, dessa vez com todas as feiras da zona urbana mostradas exatamente em seus locais de realização. “Cada uma no seu lugar”, reforça Nei Rios, para quem as feiras, por si só, contam a história da cidade. “É uma espécie de shopping no chão, onde se encontra tudo”, define, citando a praça Bernardino Bahia (ou do Lambe Lambe), “onde o velho e o novo, o rural e o urbano, se encontram todos os dias”.
Filho de uma cantora que foi rainha da micareta em 1950, Maria José Lima Rios, o garoto que também engraxava sapatos carrega na memória lembranças que misturam o burburinho das feiras e as imagens do antigo Campo do São Paulo, onde sua avó, Lindaura Souza, lavava roupas. “É um processo contínuo de substituição dos tempos”, afirma, lembrando que a partir da relocação da feira do centro comercial para o Centro de Abastecimento as feiras livres começaram a brotar em todos os cantos.
Mapa das feiras livres
De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura, pelo menos uma dezena de bairros de Feira de Santana têm as suas próprias feiras livres, fixas ou em dias determinados da semana, a exemplo do Sobradinho, George Américo, Feira X, Conceição, Aviário, Bom Viver, Asa Branca, São João, Conder, Limoeiro e Gabriela, dentre outros. No centro, ocorrem diariamente as feiras das praças Bernardino Bahia (Lambe-Lambe) e do Tropeiro, mais a da rua Marechal Deodoro. Nos distritos, as feiras acontecem em mercados municipais.
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