Mais do que combater a violência, é preciso mudar a mentalidade da população
31 de agosto de 2021
“A mudança que queremos é a de mentalidade; a de uma cultura que escraviza a mulher com pensamentos machistas, de sujeição e de patriarcado; que deturpa um movimento legítimo e necessário que é o movimento feminista incutindo ideias distorcidas de que nosso ideal é sujeitar o homem e enaltecer a figura feminina”. A declaração é de Lorena Peixoto, presidente da Comissão em Defesa dos Direitos da Mulher da OAB – subseção Feira de Santana, que fez uso da Tribuna Livre da Câmara Municipal nesta terça (31), para falar sobre o Agosto Lilás.
A advogada frisou que, enquanto houver luta de superioridade de gênero, haverá muita desigualdade, violência, sofrimento e dor. “Sofre eu. Sofre você. Sofre a família. Sofre a sociedade. Sofrem as instituições. Sofrem a mulher e o homem. Ter um olhar mais cuidadoso e empático às questões de gênero é medida que se impõe, frente às lutas travadas ao longo da história”, disse.
Relembrou, por oportuno, que somente em 1934 a mulher foi considerada apta a votar, e somente em 1962 começou a ter a oportunidade de ser considerada sujeita de direitos, ainda que com restrições, pois com a edição do Estatuto da Mulher Casada, foi dado à mulher o direito de receber herança, ter a guarda dos filhos quando da separação, e comercializar, abrir conta bancária, pois, até então, a mulher não tinha sequer um CPF.
“Já em 1977 tivemos a oportunidade de nos divorciarmos e contrairmos núpcias e, em 1988, tivemos igualdade formal de direitos e deveres reconhecida na Constituição Federal. Em 2002 foi dado um olhar mais humano à instituição familiar, passando a ser considerado lugar de afeto e respeito. E só em 2006 tivemos a edição da considerada uma das três melhores leis do mundo que é a Lei Maria da Penha”, frisou.
Lorena Peixoto lembrou também que foi somente em 2015 que o assassinato da mulher em razão do gênero “ganhou um cuidado maior do legislador” quando tratou-se do feminicídio. “E em 2018, a importunação sexual passou a ser crime. Não é não. E a luta continua. Enquanto houver luta, não há que se falar em fracasso. E a Comissão em Defesa dos Direitos da Mulher da OAB – subseção Feira de Santana, que tenho a honra e gratidão de presidir, é eternamente inquieta quanto à necessidade de contribuir com as demandas e questões que envolvem a mulher”.