Para curar a tuberculose não é só remédio, “precisa ter comida”, diz doutora em Saúde Pública
23 de março de 2023
Remédio não cura a tuberculose, é preciso ter comida, assistência e respeito. A advertência é da doutora em Saúde Pública, professora e enfermeira Maria Yaná Guimarães, que na manhã desta quinta-feira (23) usou a Tribuna Livre da Câmara Municipal para falar da questão e pedir o apoio dos vereadores, por meio de emendas, para a compra de cestas básicas visando o apoio a estas pessoas portadoras da doença. Ela diz que a tuberculose é negligenciada e atinge, de forma mais frequente, pessoas em situação de rua.
Na palestra, que fez parte das ações alusivas à Semana de Combate à Tuberculose, Maria Yaná Guimarães ressaltou a importância da cobertura universal do SUS para garantir que essas doenças possam ser tratadas e curadas. “Mas muitas vezes estamos com déficit de material”, sinalizou, lembrando que a tuberculose é transmissível e uma das principais causas de morte em todo o mundo. Estima-se que um quarto da população mundial esteja infectada.
“Conhecemos a forma de tratamento e transmissão há mais de 100 anos e ainda assim a morte é acentuada”, lamentou Yaná Guimarães, sinalizando que cada pessoa infectada pode transmitir para mais 10. Há, ainda, o fato da doença ser estigmatizada, causando discriminação da pessoa doente, o que dificulta a cura. “A tuberculose é a principal causa de morte por um agente infeccioso”, atestou a professora, que atua na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e da Secretaria de Saúde.
A doença, que afeta o pulmão e outras áreas do corpo, sem o tratamento registra taxa de mortalidade maior que 5 por 100 mil habitantes. A enfermeira lembra que em 2015 foi criada pela Organização Mundial de Saúde uma estratégia para o país alcançar o fim da tuberculose. “É triste dizer isso, mas não vamos conseguir porque estamos com déficit inclusive de insumos para a realização das atividades”, afirmou Yaná Guimarães.
Citando que há pacientes que chegam a devolver os remédios porque não têm o que comer – a medicação aumenta o apetite -, ela pediu a indicação de emendas impositivas, pelos vereadores, cujos recursos serão destinados à compra de cestas básicas para apoiar os cidadãos de baixa renda portadores da doença. “Para curar a tuberculose não é só remédio, precisa ter comida”, enfatizou. Vários vereadores, inclusive a presidente da Casa, Eremita Mota (PSDB), se manifestaram favoráveis à causa apresentada.