Professor apresenta, na Câmara, principais demandas LGBTQIA junto ao poder público em Feira de Santana
30 de junho de 2021
Casa abrigo, ambulatório médico especializado, fomento à geração de empregos, oferta de educação integral. Estas são algumas das ações mais esperadas pela população LGBTQIA de Feira de Santana junto ao poder público municipal. As prioridades foram apresentadas na Tribuna Livre da Câmara nesta quarta (30), pelo professor Denilson Lima Santos. Membro do núcleo vinculado ao PSOL nesta cidade em defesa dos direitos deste segmento, ele esteve no Legislativo por iniciativa do representante do partido, vereador Jhonatas Monteiro, em razão da passagem do 28 de junho, o Dia do Orgulho LGBTQIA . A data tem origem em 1969, em Nova York, palco de uma revolta contra “batidas” policiais que invadiram bares e agrediram proprietários e clientes gays.
Um local para abrigo está entre as reivindicações mais importantes, segundo Denilson, em virtude da vulnerabilidade desses cidadãos, principalmente aqueles que vivem em situação de rua nesta cidade. Na saúde, ele registra que falta assistência especializada e, quando é prestado o atendimento, estas pessoas são desrespeitadas (principalmente as trans) sofrendo discriminação devido à identidade de gênero. Também deveria estar na pauta do Governo Municipal, ele diz, o incentivo às campanhas públicas de combate à violência contra esta parcela da sociedade. “Na realidade, enfrentamos negações físicas e simbólicas. Nem somos chamados pelos nossos nomes sociais”, assinala.
Conforme o professor, a mulher trans é a mais prejudicada, em se tratando da ausência de oferta de trabalho em Feira. “Não há nenhum projeto do Município para fomentar emprego a este público vitimado por uma transfobia legitimada por líderes religiosos e políticos deste país”, lamenta. Ele defende “uma Feira muito mais democrática, que respeite a diversidade”. E chama a atenção da Câmara, “que pode e deve” mitigar os problemas e fiscalizar as leis já existentes, para garantia de direitos desta camada “tão vulnerável” (da população LGBTQIA ). “Sofremos preconceito por ousar ser quem somos”, afirma.
“Queríamos estar comemorando conquistas como baixos índices de violência, acesso à saúde e educação, direito de caminhar nas ruas de Feira sem ser agredidos, erradicação da LFGBTfobia”, diz o professor, que apresentou números da violência na Bahia. Em 2017, ocorreram 520 atos violentos contra trans, mais 6.316 vitimando pessoas homo e bissexuais. Em 2019, “após a eleição de 2018”, uma pesquisa indica que 92,5% dos entrevistados “relataram perceber crescimento de violência contra este grupo”. O conceito de educação sexual, de acordo com o militante, significa orientar para evitar a violência e abusos, principalmente contra crianças e adolescentes.
SIGNIFICADO DE CADA LETRA DA SIGLA LGBTQIA
O professor Denilson Lima Santos apresentou, na Câmara, o significado de cada uma das letras e o símbolo da sigla LGBTQIA : “L” se refere a lésbica (mulher que tem preferência sexual por outras mulheres); “G”, de gay, é todo homem que se identifica sexualmente com outros homens; “B” representa bissexuais, que se identificam =pelos gêneros masculino e feminino; “T” simboliza transsexuais, travestis e transgêneros (não se identificam com gêneros impostos pela sociedade, atribuídos na hora do nascimento e que tem como base os órgãos sexuais); “Q” faz referência às pessoas que não se identificam com os padrões da heteronormatividade, igualmente impostos pela sociedade, e transitam entre os gêneros sem necessariamente concordar com tais rótulos; “I”, de intersexo (antigamente chamado hermafrodita) são pessoas que não conseguem ser definidas de maneira distinta em masculino e feminino; “A” é atribuído a assexuais, que não sentem atração sexual por ninguém, podendo ou não se interessar por envolvimentos românticos; o símbolo ” ” engloba todas as outras categorias não citadas, como pansexualidade (atração por pessoas independente do gênero ou orientação sexual delas).