Texto: Madalena de Jesus
Ele é feirense de nascença e tem o maior orgulho de sua origem sertaneja. E foi para levar o nome de sua terra para o mundo inteiro que ele dedicou parte de seus 81 anos de vida, usando o cordel como linguagem de expressão e meio de sobrevivência. Foi assim que Franklin Cerqueira Barreiros Machado virou Franklin Maxado e ainda Maxado do Nordeste, um poeta com alma de menino, que mistura Jornalismo e Literatura para reinventar a arte de escrever.
Advogado formado pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL) e jornalista graduado pela Universidade Federal de Bahia (UFBA) – onde Socorro Pitombo também se formou, ele lembra com alegria – há 33 anos Franklin descobriu a grandeza do Cordel, mas não esqueceu as formações acadêmicas.
“Minhas poesias têm muito do Jornalismo, são reportagens rimadas”, compara. O que não deixa de ser verdade, até pela variedade dos temas dos mais de 500 folhetos publicados.
A propósito, o cordelista estará lançando no próximo dia 29, em Salvador, um novo cordel, com o sugestivo título “A praça é Cairu como o aeroporto é 2 de julho”. É que, assim como o aeroporto mudou de nome, a praça também. Passou a ser Maria Felipa. Nada contra ao que ele chama de processo de africanização. “Mas não podemos esquecer que o Visconde de Cairu tem importância histórica, abriu o caminho para a Independência da Bahia”, protesta, de forma moderada.
Carregando folhetos de cordel na mala e a cultura nordestina no coração, Franklin morou em São Paulo, mas confessa que não se identificou com o ritmo da cidade. Na verdade, o cordelista que é mestre em Cultura Popular, tem como fontes de inspiração nomes como Antônio Alves e Rodolfo Cavalcanti e já teve folhetos publicados até pelo Pasquim, segue à risca uma antiga frase de carroceria de caminhão: “Corro o mundo, mas podendo corro pra Feira”.
De preferência para a rua Honorato Bonfim, 76. “Quando eu entrei para esse segmento, o que prevaleceu foram os ensinamentos dos mestres do Cordel e não os títulos acadêmicos”, diz Franklin Maxado, que tem cinco filhos, um dos quais, o caçula, é um exímio desenhista de pessoas, conta orgulhoso. Aliás, Franco Matis, de 27 anos, já assinou muitas capas dos folhetos do pai e declama os versos dos cordeis, inclusive teve participação na FLIFS 2024.
Com a ideia de que “Feira é o meio do mundo”, Franklin carrega as marcas da cidade por onde anda. Citar um folheto marcante é praticamente impossível, por isso é melhor nem arriscar. Até porque a sua preocupação agora é com o que ainda tem a fazer. “Ah! Muita coisa”, diz anunciando dois romances e alguns livros de poesia. Sem mais detalhes, pelo menos por enquanto. O pisciano nascido em 16 de março sempre tem novos projetos e se tem algo de que se orgulha é ter aproveitado todas as chances de estudar e – ensinar o que aprendia – e conhecer o mundo.
Foto: Divulgação
Este website utiliza cookies próprios e de terceiros a fim de personalizar o conteúdo, melhorar a experiência do usuário, fornecer funções de mídias sociais e analisar o tráfego. Para continuar navegando você deve concordar com nossa Política de Cookies e Política de Privacidade e Proteção de Dados.