Homenageado pela Câmara de Feira de Santana, em sessão solene de comemoração dos 60 anos do Sinpro – Sindicato dos Professores no Estado da Bahia, que representa a categoria na rede privada e tornou-se sexagenária no último 4 de março -, o professor, ambientalista, sindicalista e ex-vereador Marialvo Barreto já sofreu tentativa de morte, em sua luta em defesa da classe. Ele relatou a história em pronunciamento, o último da noite de ontem, na Tribuna do Legislativo, onde brilhou por dois mandatos. O fato ocorreu na Praça Rui Barbosa, próxima ao Fórum Desembargador Filinto Bastos, ainda nos anos iniciais de sua trajetória sindical.
Ele disse que estava dentro de um carro, quando foi atacado por um homem, adiante identificado como alguém vinculado ao segmento patronal. Com um golpe, o sujeito quis estrangula-lo. Reagiu e conseguiu livrar-se. A Polícia Militar apareceu e os conduziu a uma delegacia, onde Marialvo diz ter passado por uma das maiores decepções da vida. A delegada, sua ex-aluna, em vez de reconhecer a gravidade da agressão, lhe disse “é coisa de sindicato”. E acrescentou, de maneira ainda mais surpreendente, que, se fosse ter que apurar, “prenderia os dois”. São “ossos do ofício”, assinala, em um ambiente por vezes hostil, que é a luta sindical.
Marialvo é muito querido entre seus pares, também, por seus muitos “causos” da vida, em sala de aula ou no sindicalismo, em que se iniciou no ano de 1978, século passado, quando chegou ao Sinpro-Bahia, ainda sem representação em Feira de Santana. Em 1980, participou da articulação para criar a delegacia sindical nesta cidade, que teve como primeira diretora a professora Madalena Mamona. Outras personalidades, inclusive ligadas a UEFS, como as professoras Nacelice Freitas e Sandra Medeiros, também passaram pela direção do Sinpro Feira.
Em seu breve discurso, o professor registrou que o Sinpro, uma vez instalado em Feira, tornou-se referência para a criação de vários outros sindicatos no município, em diversas áreas, a exemplo da construção civil, técnicos da saude entre outros. A entidade que atua defendendo direitos dos professores das escolas particulares, recorda Marialvo, sofreu intervenção militar, quando um representante do Exército assumiu a sua direção, temporariamente, até ser derrotado em eleição.
A instituição, segundo ele, sempre lutou, para além das condições de trabalho, pela qualidade de ensino. Uma de suas grandes vitórias foi o limite de estudantes por turma: “As escolas queriam abarrotar as salas de alunos”, o que é negativo para o aprendizado. Outra conquista importante foi a bolsa escolar para os filhos dos professores. Em muitos casos, o valor da mensalidade era metade do salário, ou até comprometia a remuneração inteira, ele relembra, inviabilizando completamente que um professor pudesse matricular o filho, ou mais de um, no estabelecimento onde leciona.
Na sessão solene proposta pelos vereadores e seus correligionários, Sílvio Dias e Professor Ivamberg, ambos do PT, Marialvo, que é um dos mais antigos personagens do movimento sindical e social em Feira de Santana, chamou a atenção para aspectos da reforma federal que tirou, entre outros direitos, a condição de sindicato homologar rescisão contratual, uma possibilidade confiável para os trabalhadores, e a retirada de receita das entidades sindicais, como o fim da contribuição anual medida esta que as desestrutura, impedindo, por exemplo, a contratação de advogados e outros serviços fundamentais na mobilização de classes. Afirma, porém, que a “luta do trabalhador nunca morre, ela reacende sempre, por maiores que sejam as dificuldades”.
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