Com habilitação em Ciências da Natureza ou Matemática, os cursos de licenciaturas em Educação do Campo, oferecidos pela UFRB – Universidade Federal do Recôncavo Baiano disponibilizadas através do seu Centro de Ciência e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade em Feira de Santana (CETENS), completam 10 anos enfrentando um grande desafio: a inserção profissional dos seus estudantes, após formatura. Nesta segunda (27), a Câmara Municipal realizou uma sessão solene para celebrar esta primeira década de atividades, mas também refletir, junto à sociedade, sobre a necessidade de buscar soluções para o problema. O evento foi realizado por meio de requerimento do vereador Sílvio Dias (PT) e da presidente do Legislativo, Eremita Mota (PSDB).
A sessão solene contou com a presença, dentre outras personalidades, do deputado federal Zé Neto; diretor do CETENS, Jacson Machado Nunes; coordenador Territorial do Fórum de Educação Escolar Quilombola e membro do Fórum Permanente de Educação Quilombola da Bahia, David Pereira; Representante do Movimento Estudantil da Educação do Campo da UFRB, Juan Pablo Brito, e dos professores Silvana Lima, José Bites e Celi Taffarel (esta, de forma virtual). Na solenidade, uma equipe formada pela UFRB prestou homenagens a lideranças políticas, educacionais e de movimentos sociais que contribuíram para os 10 anos das Licenciaturas em Educação do Campo.
Presente em sete municípios – dentre os quais Feira de Santana -, há exatamente uma década, a UFRB tem cumprido a sua missão de “formar cidadãos criativos, empreendedores e inovadores, contribuindo para o desenvolvimento social, tecnológico e sustentável, promovendo a inclusão e valorizando as culturas locais”, diz Sílvio Dias. No entanto, mesmo com o ensino de “excelência e “compromisso com a difusão de conhecimento de qualidade”, ele acrescenta, a comunidade universitária sofre com a escassez de oportunidades no mercado de trabalho para os alunos egressos desses cursos.
A professora Silvana Lima destaca que o CETENS já abriu 18 turmas dessas licenciaturas, fez 10 processos seletivos especiais, com cerca de 350 matrículas ativas. São mais de 130 egressos, 16 deles cursando pós-graduação. No entanto, nenhum dos ex-alunos é concursado em cargo que exija o diploma específico. Neste sentido, ela chama atenção para a necessidade de processos seletivos que ampliem as possibilidades de inserção destes profissionais, preparados para atuar na área da educação do campo.
Representante do Movimento Estudantil da Educação do Campo da UFRB, o aluno Juan Pablo Brito acredita que a falta de reconhecimento dessa formação em concursos e seleções públicas é um obstáculo significativo na carreira dos alunos egressos. Como alternativa, ele defende o desenvolvimento de políticas públicas capazes de garantir empregos e, para além disso, fortalecer a cultura de educação do campo. “Vamos para o espaço da universidade sabendo que as escolas rurais estão sendo fechadas”, reclamou.
Para a criação dessas políticas públicas, é necessário ampliar as discussões sobre a temática em “todas as instâncias”, afirma o Coordenador Executivo de Programas e Projetos Estratégicos da Educação/CEPEE da Secretaria de Educação da Bahia, José Bites. Neste sentido, ele se coloca à disposição da comunidade universitária da UFRB e de toda a sociedade, com o objetivo de “seguir o caminho do diálogo” e garantir o reconhecimento dos formados.
A EDUCAÇÃO DO CAMPO
Uma das coordenadoras do projeto de criação dos cursos de Licenciatura em Educação do Campo, a professora Celi Taffarel ressaltou, em participação virtual na sessão, a importância de que seja forjada uma educação que valorize a identidade e as particularidades da população da zona rural. Assim, defende a ampliação e incentivo “a um projeto histórico que tenha como base uma outra perspectiva de produção”. Segundo ela, isto começa com a “relação com a natureza, reforma agrária, agroecologia e formação de bons professores”.
Ex-aluno da UFRB, o coordenador Territorial do Fórum de Educação Escolar Quilombola e membro do Fórum Permanente de Educação Quilombola da Bahia, David Barbosa Pereira, destaca a formação em Educação do Campo como parte da sua identidade. Representando a Secretaria de Educação de Irará na sessão solene, ele disse que se sente orgulhoso em poder compartilhar o conhecimento adquirido e contribuir com a sua cidade: “Tive a oportunidade de estudar aos 40 anos de idade na UFRB graças às políticas afirmativas e de interiorização da educação superior”.
Junto aos professores e comunidade que buscava instituir o CETENS em Feira de Santana, o deputado federal Zé Neto lembra os desafios enfrentados para trazer e manter uma Universidade Federal neste município. Hoje, com cursos bem avaliados pelo Ministério da Educação e com proposta de expansão, ele parabeniza a todos pelo esforço em conjunto. E prometeu “trabalhar muito” para poder encaixar o CIMATEC – Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia – à UFRB.
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