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Em sessão na Câmara, médicos condenam tempo muito curto dedicado ao paciente
19 de outubro de 2023

“Precisamos deixar o paciente falar”. O apelo, em tom de advertência, é do médico Tarcízio Pimenta. Ele fez um breve pronunciamento em sessão solene realizada ontem à noite, na Câmara, iniciativa do vereador Lulinha (UB), comemorativa pelo Dia do  Médico (18 de outubro). Franqueada a palavra pela presidente da Casa Eremita Mota (PSDB), após os palestrantes João Batista de Cerqueira e Rodrigo Matos, o ex-prefeito, ex-vereador e professor do curso de Medicina da UEFS disse que, às vezes, “(o paciente) tem apenas dois minutos para conversar conosco”. Entende o experiente cirurgião que “a vitória não é cuidar da doença, mas do indivíduo (como um todo)”.

Ele chamou a atenção, ainda, para um dado. Cerca de 85% dos recursos do SUS estariam sendo aplicados nas emergências e UTIs. “E a prevenção, como fica?”,  questionou. Tarcízio relembrou avanços que a saúde pública local conquistou nas últimas décadas. Em sua gestão no cargo de diretor do Hospital Geral Clériston Andrade, por exemplo,  ele disse ter  implantado a primeira residência médica  e também a primeira UTI pública no Estado. Como prefeito, digitalizou as unidades de saúde, primeiro sistema a operar em todo o Nordeste. 

Se está cronometrando seu tempo (ao paciente), fundamentado no dinheiro, “não exerce bem a sua missão”, disse a ginecologista Adenilda Martins, reforçando o alerta de Tarcízio. Com 40 anos de profissão, ela afirma: “médico que não escuta, não é bom. O paciente vai (ao consultório) procurando apoio, ombro, confiança”. A também professora de medicina vê o plano de saúde, atualmente, como artigo de luxo, o que aumenta a responsabilidade do médico em seu “papel social” de  assistir bem ao paciente que não tem recurso. Para o ginecologista do Hospital Inácia Pinto dos Santos, Carlos Vinícius Costa Lino, o que importa é a dignidade humana. “Que história vamos deixar para os nossos filhos?”, questionou.

Atualmente diretor do Hospital Inácia Pinto dos Santos (Hospital da Mulher), o médico Francisco Mota compartilha dessa preocupação. “Tem que acolher. Se atende sem olhar no olho, o paciente não volta mais”. Defende que o profissional deve  “encantar”, fazer com a pessoa se “surpreenda com o SUS”. Lembrou da médica Tânia Mota, mãe dele, falecida há poucos anos, sob aplausos da plateia.

Ainda nessa direção, o diretor do Cremeb (Conselho Regional de Medicina) em Feira de Santana,  Aderbal Mendes disse que a profissão é “arte e ciência, que exige sacrifício, dedicação, compaixão”. Não se limita a diagnósticos e tratamentos. “Envolve confiança, empatia, conforto, por  cuidar do corpo, da mente e do espírito.  Atua não apenas na dor, na prevenção”, assinalou. Também pediu um olhar compreensivo ao médico, lembrando que “por trás do jaleco branco, há um ser humano que enfrenta desafios diários, decisões críticas, sob pressão, para tentar salvar vidas”.

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