Lideranças comunitárias propõem impugnação de consulta sobre linha de transmissão: não houve informação
18 de junho de 2021
“São muitas as inquietações, não fomos ouvidos, não tivemos informações”. A declaração foi feita pela professora e engenheira agrônoma Isabel de Jesus Santos, representante da comunidade quilombola de Lagoa Grande, durante a Audiência Pública que discutiu, nesta quinta-feira (17), os impactos da instalação de uma linha de transmissão de energia na zona rural de Feira de Santana. Ela sugeriu a impugnação do processo de consulta realizado, sem a participação efetiva das comunidades.
Segundo a líder comunitária, a iniciativa da Câmara Municipal, ao possibilitar um debate pertinente e oportuno, é muito importante nesse momento. Ela questionou ainda por que não colocaram a linha no Centro Oeste ou no Sudeste, já que a energia será destinada para essas regiões. Indagações foram feitas também pela representante do Sindicato de Trabalhadores da Agricultura Familiar. “O momento é de escuta, de conhecimento dessa temática, que é nova para nós”, afirmou. “É preciso saber a visão das comunidades em relação ao empreendimento”, completou Eurico Melo Goulart, coordenador de Regulação das comunidades quilombolas.
Representantes do Grupo de Trabalho Socioambiental, que envolve várias instituições de ensino superior, os professores Flávia Rita e Henrique Andrade falaram sobre a importância do espaço criado para questionamentos e dúvidas e também atentaram parta os conflitos socioambientais que podem ser gerados com o empreendimento. Henrique citou, inclusive, os prejuízos para o projeto da rampa de voo livre na serra do distrito de Maria Quitéria e questionou o propósito da linha de transmissão: “desenvolvimento para quem?”
As discussões durante a Audiência Pública envolveram instituições de ensino superior, a exemplo do IF, UFBR, UEFS, e UFS, o Sindicato de Trabalhadores Rurais, as secretarias de Meio Ambiente – responsável pela emissão da certidão ambiental – e de Agricultura, Associação Feirense de Voo Livre, Comunidades Eclesiásticas Quilombolas, Sindicato de Trabalhadores da Agricultura Familiar, além de profissionais dos estados de São Paulo e Sergipe.