O seu nome é extenso, tanto quanto o currículo profissional, que envolve dois segmentos importantes da sociedade: Segurança Pública e Educação. Maria Clécia Vasconcelos de Moraes Firmino Costa abreviou a assinatura e virou simplesmente Clécia Vasconcelos, a delegada que faz do combate à violência contra a mulher a meta da própria vida, tanto que planeja criar uma ONG para acolher mulheres violentadas, quando se aposentar. Já da sala de aula ela fez um meio de ensinar aos alunos mais do que as nuances do Direito, mas a importância de fazerem escolhas certas e definirem seus destinos. Foi com o propósito de construir a própria história que, ainda estudante de Direito, Clécia tinha convicção de que queria ser delegada. E não juíza ou promotora, que são funções mais almejadas na hierarquia daqueles que fazem este curso.
“Eu gosto de gente”, diz a titular da Delegacia da Mulher de Feira de Santana, destacando que o trabalho não se limita à burocracia do escritório. “No nosso dia a dia precisamos exercitar valores como empatia e sororidade”, afirma a alagoana de temperamento forte e sotaque persistente, formada há mais de três décadas e que veio para a Bahia há 20 anos, quando escolheu esta cidade para viver. Fato, aliás, do qual não se arrepende.
Falar a mesma língua e demonstrar preocupação com o problema, são atitudes primordiais no atendimento à mulher que procura a Delegacia especializada. Tendo a mãe (Lindalva) como referência para essa prática e os ensinamentos de Madre Tereza de Calcutá como fio condutor de seu trabalho, ela assegura que nessa função/missão não há espaço para vaidade, prepotência ou arrogância. “Peço a Deus todos os dias que me dê sabedoria para que eu possa ajudar”, confessa, ao dizer que o melhor reconhecimento é ver o retorno de uma mulher que foi devidamente acolhida mais bonita, forte e segura.
A filha de um investigador de Polícia (Pedro) que ama ser delegada – repete isso a todo momento – tem gostos simples, o que a aproxima da equipe e das vítimas que buscam atendimento e colo na Delegacia da Mulher, como fazer uma pausa no meio da manhã para “lanchar” farofa com ovo, com a maior naturalidade. E isso reflete no trabalho, seja ouvindo envolvidos em casos de violência, atendendo advogados, tirando dúvidas dos servidores e investigadores ou atendendo a imprensa. Ela tem consciência de que não é infalível, mas conta uma estratégia para acertar mais nas decisões. “Não conto os erros, que não são poucos, mas os acertos”, ensina.
“Parece que eu estou no caminho certo”, diz a delegada, que é casada e tem dois filhos, de 28 (João Pedro) e 17 anos (Maria Clara). Ela admite que o trabalho não é fácil, porque a sociedade é estruturada por níveis de hierarquia de gênero, em que a mulher está abaixo do homem, mesmo avaliando que já há avanços.
Combater a violência contra a mulher, ela dizendo, não é um caso de polícia, mas de toda a sociedade”. Para Clécia Vasconcelos, é preciso romper os equívocos, criar forças e entender que tudo isto nada tem a ver com reclames vazios, vaidades ou causas pessoais: “diferentemente
do que muitos imaginam, não se trata de ‘mimimi’, absolutamente”.
Este website utiliza cookies próprios e de terceiros a fim de personalizar o conteúdo, melhorar a experiência do usuário, fornecer funções de mídias sociais e analisar o tráfego. Para continuar navegando você deve concordar com nossa Política de Cookies e Política de Privacidade e Proteção de Dados.