Conversa fácil, sorriso largo e sempre elegante. É assim que ela desfila todos os dias pelas dependências da Câmara Municipal, há 42 anos, a serem completados agora em 2024. Maria de Lourdes Ferreira – ou simplesmente Lulu – já poderia estar aposentada, mas ela está lá, sempre no mesmo horário, exatamente como no primeiro dia, quando começou a cuidar do jardim do prédio-sede do Legislativo. Ao longo dessas quatro décadas, a feirense nascida na avenida Getúlio Vargas (onde era a casa de Paulo Cordeiro) e criada no bairro Rua Nova atuou no setor de limpeza e também foi chefe da cantina, por um período de 15 anos.
Ela chegou à Casa da Cidadania pelas mãos do então presidente Renato Sá e efetivada pelo seu sucessor, Dival Machado, ambos já falecidos. Aos 71 anos de idade e uma família de cinco filhos (duas mulheres e três homens), oito netos e dois bisnetos, a menina da Rua Nova garante que alcançou a plenitude da vida. A sua história na Câmara foi construída ao lado de colegas inesquecíveis, como Vilma, Izaltina, Anísia, Manoel motorista e Marcos, este também ainda na ativa e, claro, os vereadores. “Sempre me dei bem com todos”, diz.
Quando fala dos vereadores, Lourdes faz questão de não destacar nenhum, cita os mais antigos pelos nomes e lembra fatos curiosos, como o dia que um cidadão atirou um saco enorme de moedas no plenário, em protesto a uma matéria em pauta. Mas o que vale mesmo são as recordações boas, e são muitas. Lulu foi homenageada pela Casa Legislativa como mulher e servidora pública e se orgulha muito disso. Certa feita, em um amigo secreto de final de ano, ela foi surpreendida ao receber de um vereador uma bandeja inox, um antigo sonho que ela confessara como sugestão de presente. O nome do amigo permanece secreto.
“Eu amo meu trabalho”, afirma a servidora, que recorda ainda de figuras folclóricas, como o ex-vereador Hermes Sodré, conhecido como Marechal. “Uma figura inesquecível”, define. Para Lourdes Ferreira, a postura correta é não discriminar servidor novo, seja efetivo, nomeado ou contratado por terceirização. “Todos nós temos problemas, mas ninguém tem culpa”, ensina, acrescentando que falar a verdade sempre já é “meio caminho andado” para tudo na vida dar certo. Movida pela fé em Deus, garante que sairá do serviço público com orgulho e de cabeça erguida, seguindo os ensinamentos de dona Cândida, a Candinha, que foi mãe e pai ao mesmo tempo e sua maior referência de força.
Com igual determinação, ela criou os filhos, que são motivo de orgulho. Depois de casar duas vezes, hoje vive só, porque entende que a felicidade é a meta de vida para todas as pessoas. “Nem sempre é fácil, mas nós podemos e um dia a vitória vem”, afirma a voz da experiência, que acompanhou a chegada da primeira mulher à Câmara de Vereadores (Norma Suely) e agora vê bem de perto “e com uma alegria muito grande”, conforme destaca, uma vereadora (Eremita Mota) assumir a presidência pela primeira vez. A receita de Dona Lourdes para ser feliz no trabalho é simples: “Amar as e respeitar a todos, dos colegas aos superiores”.
Este website utiliza cookies próprios e de terceiros a fim de personalizar o conteúdo, melhorar a experiência do usuário, fornecer funções de mídias sociais e analisar o tráfego. Para continuar navegando você deve concordar com nossa Política de Cookies e Política de Privacidade e Proteção de Dados.